A ativista LGBTQI Alshaima Omama Alzubi chega à Austrália
Após morar em quatro países diferentes, finalmente desembarca no país e recebe visto humanitário
Alshaima Omama Alzubi, refugiada jordaniana de 25 anos embarcou em um voo para a Austrália em 30 de dezembro. Ela se identifica como lésbica e não-binária e anteriormente atendia pelas iniciais de ‘AOA’. Alzubi passou os últimos três anos tentando se refugiar na Austrália; Nesse período, morou em quatro países diferentes e recebeu inúmeros comunicados da Interpol.
Durante as festas de fim de ano, Alzubi ficou detida por quase uma semana no Líbano. Ela denunciou que neste período foi assediada e sentiu medo de ser deportada. De acordo com a SBS News, ela recebeu ajuda de organizações não governamentais e de direitos humanos, bem como de diplomatas australianos no Líbano para ‘colocá-la em segurança’. Ao chegar à Austrália em 1º de janeiro, Alzubi disse à SBS News:
‘Agora me sinto apoiada, vista, ouvida e tratada como um ser humano, independentemente de minhas crenças, identidade de gênero e orientação sexual’.
Alzubi foi colocada em um visto humanitário. A SBS News informou que ela também está recebendo aconselhamento e foi ‘apresentados à comunidade LGBTQI+ local’:
‘[Quero] seguir em frente na minha vida, continuar minha educação [e ter] uma ótima carreira e independência’, disse Alzubi.
A ativista contou ser grata pela ajuda que recebeu de organizações não-governamentais e do governo australiano e, de acordo com a SBS News, ‘se sente aceita por sua sexualidade e crenças” em sua nova casa na Austrália.
Comunicado
Em um comunicado à mídia no dia de Natal do ano passado, a Anistia Internacional disse que Alzubi havia sido presa em 21 de dezembro em Beirute e tinha recebido um aviso da Interpol Red Corner, que acabou sendo cancelado. Também informou que a família de Alzubi na Jordânia era ‘proeminente’ e ‘manipulava a repatriação [de Alzubi]’. Alguns de seus familiares trabalhavam para o governo jordaniano, sendo um deles um ex-ministro. A influência da família, segundo a Anistia Internacional, se estendia pela Jordânia, Líbano, Síria e Iraque.
‘Finalmente tenho a chance de ser eu mesma, sem que as pessoas me envergonhem e tentem me matar por isso’, desabafou Alzubi.
Segundo a Anistia Internacional, em relação às pessoas e mulheres LGBTQI no Oriente Médio, ‘sempre há uma maneira de ser livre. Só precisamos das pessoas certas para nos ajudar’. A mensagem da Anistia era ‘nunca se envergonhe de ser você mesmo, nunca se desculpe por quem você é’ e ‘não deixe a religião ou ninguém controlar seu ser. Ninguém na Terra pode ser você’.
Apesar de a Jordânia ter descriminalizado a homossexualidade em 1951, as pessoas LGBTQI ainda sofrem discriminação, assédio e violência. De acordo com a World Value Surveys realizada entre 2017-2020, 93% dos jordanianos não gostariam de ter homossexuais como vizinhos.
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