Cinco desafios de Diversidade & Inclusão para 2023
Deives Rezende Filho, CEO e fundador da Condurú Consultoria, explica os pontos de reflexão para as empresas que querem transpor essas barreiras
O universo da Diversidade & Inclusão dentro das empresas ainda é repleto de contradições. Para citar apenas uma delas, segundo um relatório publicado pela PwC, 76% das empresas têm colocado D&I como estratégia prioritária para seus negócios, mas apenas 22% dos colaboradores afirmam ter ciência sobre os esforços implementados em suas próprias empresas sobre o assunto.
Partindo daí, é possível ter uma noção do tamanho do desafio que as corporações têm pela frente para aprofundar essa cultura internamente, tornando-a realidade entre todos os seus departamentos.
De acordo com Deives Rezende Filho, CEO e fundador da Condurú Consultoria, especializada em Coaching & Mentoring de executivos e implementação de programas de Governança Ética e de D&I em grandes organizações, os pontos de reflexão para as empresas que querem transpor essas barreiras passam por cinco principais tópicos:
1- Continuidade da violência racial - Casos de violência envolvendo negros continuam a acontecer, apontando que o racismo ainda é uma questão não resolvida nas sociedades de forma geral. E isso se reflete no ambiente das organizações. Um exemplo recente é a morte do primo de uma das criadoras do movimento Black Lives Matter, Keenan Anderson, de 31 anos, em uma abordagem policial em Los Angeles. Anderson teve uma parada cardíaca após ter sido atingido por uma arma de choque por policiais. “Apesar de parecido com o caso George Floyd, com a diferença de que os policiais que agrediram Anderson também eram negros, este não teve a mesma repercussão na mídia”, lembra Deives Rezende.
2- Modismo vs. Importância Real - O BBB 23 expôs na mídia o que faz um analista de D&I, profissão da psicóloga Sarah Aline, uma das participantes da casa. Mas, para o consultor, a profissão não deve ser encarada apenas como ‘modismo’, mas sim com a importância e a magnitude que ela tem no cenário corporativo atual.
3- Raízes na diversidade - Aos poucos as empresas começam a divulgar vagas afirmativas, com o objetivo de se tornarem mais diversas. Deives, no entanto, ressalta a importância da inclusão para além da contratação, de forma que as pessoas contratadas criem raízes na empresa por se sentirem parte, e não peçam demissão poucos meses depois de aceitar o cargo.
4- D&I para C-level - De acordo com o consultor, as empresas precisam contratar pessoas diversas não somente para os cargos mais baixos, mas também para os cargos de direção e liderança, pois somente assim é possível mudar a cultura contrária à Diversidade e Inclusão. E ressalta que não é uma obrigação apenas do RH fazer a busca por esses colaboradores, mas de toda a empresa, em todos os níveis de cargos.
5- Cultura de letramento - Apesar de buscarem se inserir na cultura de D&I, ainda são poucas as empresas que investem no que Deives Rezende considera o ‘ponto focal’ dessa estratégia, ou seja, a educação e o treinamento voltados para a prática da Diversidade e Inclusão. “Sem isso, é grande o risco de um(a) colaborador(a) sofrer algum tipo de violência por parte de um(a) colega ou de sua gestão, ato que pode acontecer não de forma intencional, mas por falta de conhecimento a respeito da postura correta para evitar o racismo, a LGBTQIAP+fobia ou qualquer outro tipo de discriminação e/ou preconceito de qualquer natureza”, explica o consultor.
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