Direção-Geral da Saúde de Lisboa cancela, na véspera, a Marcha do Orgulho LGBTI+

Organizadores criticaram a demora da entidade em dar parecer, avisando apenas na madrugada de sábado que era contrária ao evento que aconteceria no mesmo dia

A Marcha do Orgulho LGBTI+ marcada para este sábado, 19 de junho, em Lisboa, foi cancelada. O anúncio foi feito pela Comissão Organizadora (CO) do evento na madrugada do próprio sábado, através de um comunicado oficial publicado na página do evento. No comunicado, a CO deixou várias críticas à Direção-Geral da Saúde (DGS) pela divulgação de um parecer que consideram ter sido feito tardiamente.

'A CO da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa voltou hoje [sexta-feira, 18] a reunir-se, às 21 horas, após receber um parecer tardio da DGS desfavorável a esta manifestação', diziam os organizadores na abertura do comunicado.

'Ao longo dos últimos meses, a CO contatou todas as entidades competentes — Câmara Municipal de Lisboa, Polícia de Segurança Pública e DGS — informando-as da intenção de manifestação e de todas as medidas excepcionais que previa tomar para mitigar os perigos de propagação do vírus SARS-CoV-2', continua. No entanto, apesar de "tentativas de contato continuadas ao longo de dois meses", o parecer só teria chegado na véspera da realização da manifestação.

Esse parecer, continua a CO da marcha, teria sido o fator decisivo para deliberar a "não realização da Marcha do Orgulho" planejada para o sábado. E diz que a DGS demonstrou "desconsideração pelas sucessivas tentativas de contato".

'A emissão de um parecer tão desfavorável num momento em que já nem um cancelamento público é eficaz, acaba por se traduzir, na prática, numa forma dissimulada de limitação de direitos políticos. Sentimos que a DGS demonstrou uma desconsideração pelas sucessivas tentativas de contato para planejamento de uma marcha política segura e ainda um profundo desconhecimento sobre a sua natureza e o que esta representa para a nossa comunidade', disse a organização.