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Diversidade e inclusão em xeque: o impacto do cenário geopolítico nas empresas e o futuro da comunidade LGBTQIA+ no mercado corporativo

  • Foto do escritor: Pimenta Rosa
    Pimenta Rosa
  • há 5 horas
  • 6 min de leitura

Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec, analisa os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ no mercado financeiro diante de pressões políticas globais e as perspectivas para o futuro da diversidade nas empresas.



Em meio a um cenário geopolítico em constante transformação, onde governos conservadores como o de Donald Trump têm buscado reverter políticas de inclusão e diversidade, o impacto nas empresas globais e no mercado financeiro é inegável. Em entrevista exclusiva ao Pimenta Rosa, Gilberto Braga, economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), compartilha sua visão sobre os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ no mercado corporativo e financeiro. Braga explora as pressões externas sobre as políticas de diversidade, como as empresas podem se proteger de um possível retrocesso e o papel crucial que a sustentabilidade e a inclusão desempenham nas decisões de investimento e nas estratégias corporativas.

Confira os principais trechos da conversa, onde o especialista revela como as mudanças geopolíticas podem afetar diretamente os avanços na luta por um mercado mais inclusivo e quais são as soluções para driblar as adversidades impostas por um cenário global polarizado.


Como as recentes mudanças geopolíticas, especialmente a ascensão de governos conservadores como o de Donald Trump, têm impactado as políticas de diversidade e inclusão nas empresas?

O que nós observamos é um retrocesso nas políticas de inclusão, de diversidade em grandes companhias e a orientação corporativa tem mudado no sentido de voltar a uma determinada ideia conservadora de que determinadas características pessoais possam ser utilizadas como forma de não inclusão. Então uma delas é a orientação sexual e isso faz com que grandes barreiras que após muitos anos de luta, que após muitos anos de luta tinham sido ultrapassadas em grandes corporações, voltaram de maneira repentina a serem impostas. e isso indica que, de alguma maneira, o alinhamento com determinado ideário e concepção de valores mudam para que as empresas possam ter uma certa simpatia em políticas públicas e não serem, de alguma maneira, discriminadas economicamente por políticas governamentais dos Estados Unidos.

 

Empresas globais que antes assumiam compromissos com a diversidade e inclusão estão sofrendo pressões para reverter esses programas. Como isso pode afetar os investimentos ESG e a reputação dessas empresas?

Essa é uma pergunta muito interessante na medida em que nós observamos que essa reversão de políticas de diversidade e inclusão, elas não são universais. universais e, sobretudo na Europa, a gente observa que isso não é um pensamento dominante no momento. Então, o que se pode observar, ao contrário, é que a preocupação com o meio ambiente, com a sustentabilidade, elas hoje, elas são preocupações maiores, são questões maiores e que, inclusive, orientam a tomada de decisão de consumidores e as decis de investimento de diversas empresas ao longo do planeta Ent um embate entre o poder econ americano com um novo pensamento com uma nova orientação a partir do governo Trump, que se contrapõe ao pensamento hoje praticamente consagrado na maior parte do planeta de que nós vivemos uma emergência climática e de que o comportamento contemporâneo é bastante diverso daquilo que existia em padrões antigos. E que essa volta ao passado, defendido pelo governo de Donald Trump, colide bastante com as ideias predominantes no resto do mundo. é uma queda de braço que obviamente é difícil de prever quem vai ser o vencedor e se essa política de Trump de revisão conceitual poderá alterar o pensamento do resto do mundo ou não.

 

A pauta de diversidade tem sido vista como fator de inovação e crescimento econômico. Quais as consequências financeiras para empresas que abandonam esses programas sob pressão política?

Eu vejo que vai ser uma decepção para os seus consumidores, porque hoje boa parte das decisões de compra no mercado, elas têm a ver com a reputação das empresas. Então a questão reputacional é um dos fatores de decisão, um dos fatores que motivam os consumidores a comprar e isso faz com que eles até gastem mais recursos em empresas que são sustentáveis e que têm políticas de diversidade e inclusão. Na medida em que essas empresas mudem o seu posicionamento, isso vai ser uma frustração para os consumidores, como também me parece que existe uma perda reputacional bastante relevante em relação a esses consumidores. Então, o alinhamento com pressões políticas vindas de governos, como de Donald Trump, poderá, para pelo menos uma parcela dos consumidores, levar a uma própria rejeição à marca e à empresa.

 

 

O Brasil se mantém como um país com avanços em diversidade no setor corporativo, mas pode sofrer impactos dessas mudanças globais. Como empresas brasileiras podem se proteger dessa onda conservadora internacional?

O Brasil, até pelo seu distanciamento geográfico, ele tem, do ponto de vista comportamental, um certo distanciamento das pressões diretas dos Estados Unidos. Entretanto, nós poderemos verificar aqui no Brasil a presença dessa revisão conceitual em empresas multinacionais, em empresas cujos controladores, os investidores, sejam predominantemente provenientes dos Estados Unidos e que suas matrizes estejam com essa mudança, com esse novo alinhamento com o que hoje defende o atual governo americano de Donald Trump. Então, eu não vejo, nesse primeiro momento, um prejuízo direto dentro do território brasileiro. Entretanto, é bastante provável que o processo de aceleração para mudanças climáticas, para sustentabilidade, de preocupação com o meio ambiente e de políticas inclusivas dentro das empresas, possa perder velocidade e entrar num compasso de espera. Eu não acredito em retrocesso, mas acredito que elas vão avançar em uma velocidade menor por conta desse contraponto feito pelo governo dos Estados Unidos. 

 

 

O movimento anti-ESG tem ganhado força em alguns setores. Há risco de que fundos de investimento deixem de priorizar empresas comprometidas com diversidade?

Eu vejo como irreversível o comprometimento das empresas com investimentos que peguem toda essa agenda que eu chamo mais avançada no sentido da sustentabilidade, da diversidade, da inclusão, da preocupação com a qualidade de vida, com o bem-estar, com o meio ambiente de uma forma ampla e geral. Então, eu não vejo, do ponto de vista da maior parte dos investidores, um ânimo de se mudar esse posicionamento, até porque ele está alinhado com a realidade do mundo. entretanto é óbvio que haverá pressões americanas do atual governo é óbvio que haverá uma ou outra companhia que possa vir a mudar o seu posicionamento, mas eu não acredito que esse seja um movimento vencedor e predominante no mundo.

 

Como empresas e ativistas podem driblar esse ‘efeito Trump’ e garantir que políticas de diversidade e inclusão sigam sendo valorizadas e implementadas?

Olha, eu acho que, de alguma maneira, as empresas e os ativistas têm uma importância crucial neste momento, justamente de fazer um contraponto ao efeito Trump, a fim de que aquilo que já se avançou em termos de política, diversidade e inclusão, não apenas não seja perdido, como possa continuar sendo valorizado e desenvolvido, implementado de uma forma natural. Eu vejo como irreversível o movimento de crescimento e valorização da sustentabilidade da vida de uma forma geral em todas as suas formas de manifestação, então seja da pessoa ao planeta. Entretanto, é óbvio que há conceitos divergentes, conceitos diferentes e que vão se contrapor de maneira ferrenha a isso. E agora com o respaldo do maior país em poderio militar e do maior país também em termos econômicos. Então, mais do que nunca, é um momento rico para debates de ideias e para que as pessoas possam se posicionar e a sociedade não pode ficar alheia a esse debate, a sociedade precisa tomar uma posição.

 

O que esperar para os próximos anos? O Brasil e o mundo seguirão com avanços na pauta de diversidade ou podemos enfrentar um retrocesso significativo?

Eu creio que nos últimos anos as políticas de diversidade e inclusão avançaram em uma velocidade bastante acelerada. e é natural que exista um movimento contrário a isso. Entretanto, retrocessos significativos poderão ocorrer de maneira pontual. Eu não creio que isso possa gerar um movimento de reversão absoluta com relação a esses conceitos e a esses processos, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, embora não se possa menosprezar a força de ideias conservadoras e que normalmente são aliadas com um discurso contrário a essas ideias. Nós defendemos.

 

Alguma sugestão para organizações e profissionais que desejam fortalecer suas ações de diversidade diante desse cenário adverso?

Eu entendo que é uma necessidade que as organizações e os profissionais, de uma forma geral, os intelectuais, os pensadores, os formadores de opinião, se posicionam de maneira clara, sejam quais forem os seus pensamentos, e o que eu não vejo como salutar é a omissão. Então, eu acho que o cenário exige um posicionamento firme e claro das pessoas e o avanço se dá pelo debate, pela contraposição das ideias e a democracia avança justamente nisso. As pessoas dizendo o que pensam, debatendo e de alguma maneira o mundo precisa desse diálogo.

 
 
 

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