Exposição ‘Um Bordado para Marielle’ Relembra Legado da Vereadora no Palácio Pedro Ernesto
Mostra gratuita organizada por Mônica Benício e coletivos artísticos reforça memória e luta por justiça para Marielle Franco, assassinada em 2018
O Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, recebe até a próxima segunda-feira (11/11) a exposição gratuita “Um bordado para Marielle”, que homenageia a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018. A mostra, idealizada pela vereadora Mônica Benício (PSOL), viúva de Marielle, ocorre no Saguão José do Patrocínio, das 10h às 17h, e reúne trabalhos bordados que reverenciam a trajetória de Marielle e clamam por justiça.
Organizada em parceria com os coletivos Linhas da Gamboa e Bordados Militantes, a iniciativa nasceu em março de 2019 com a inauguração da Casa Marielle, no Largo São Francisco da Prainha. Artistas e bordadores foram convidados a homenagear a vereadora com suas técnicas e estilos únicos, e a iniciativa se expandiu com o tempo, conquistando cada vez mais apoiadores que mantém viva a memória de Marielle Franco, reconhecida por seu combate à desigualdade e pela defesa das minorias.
A exposição “Um bordado para Marielle” é uma forma de resistência, evidenciando o legado de Marielle Franco e a necessidade urgente de justiça e memória para aqueles que, como ela, desafiam as estruturas de poder. Para Mônica Benício, esta homenagem bordada é um grito por justiça e por mudanças estruturais, lembrando que a luta de Marielle vive em cada ponto, cada linha e cada rosto que passa pelo Palácio Pedro Ernesto.
“A morte de Marielle foi um crime contra a democracia e a liberdade de expressão”, declara Mônica. “Esta exposição representa o amor e a solidariedade de todos que acreditam na sua luta e que não descansam enquanto não houver justiça.”
Novas condenações e desdobramentos no caso Marielle
No dia 31 de setembro, o 4º Tribunal de Júri do Rio de Janeiro concluiu o julgamento dos ex-sargentos da Polícia Militar, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de executarem Marielle e o motorista Anderson Gomes na noite de 14 de março de 2018. Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio de Queiroz recebeu a sentença de 59 anos e 8 meses. Ambos foram condenados ainda a pagar, em conjunto, uma indenização de R$ 706 mil para cada uma das famílias das vítimas.
As investigações, no entanto, revelam que o caso está longe de um desfecho. Em março de 2024, três figuras influentes do cenário político e policial do Rio foram presos sob suspeita de serem os mandantes do assassinato: Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ); seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão; e o ex-delegado Rivaldo Barbosa, que chegou a conduzir o caso nas primeiras fases. Além disso, o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira também está entre os réus que respondem perante o Supremo Tribunal Federal (STF) por homicídio e organização criminosa.
No mês passado, os quatro prestaram depoimento ao Supremo Tribunal Federal - STF, trazendo à tona complexas redes de poder e influências territoriais no Rio de Janeiro. A Polícia Federal investiga se o crime teria relação com o posicionamento crítico de Marielle em relação aos interesses fundiários que os irmãos Brazão supostamente defendiam em áreas dominadas por milícias. Os acusados negam qualquer envolvimento com Ronnie Lessa, o policial condenado como autor dos disparos, e refutam as acusações, mas a conexão entre o crime e as milícias cariocas levanta questões sobre a violência política no país.
O julgamento dos possíveis mandantes representa um avanço no longo processo de busca por respostas, mas ainda há muito a ser esclarecido. Enquanto isso, a exposição e outros atos em memória de Marielle e Anderson continuam a ser uma plataforma de reivindicação de direitos e de combate à violência política no Brasil, promovendo uma cultura de resistência e de compromisso com a verdade.
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