'Fortalecendo o Corre', Estado do Rio lança projeto para abrir o mercado a Transexuais
O projeto, da Secretaria de estado de Trabalho e Renda do Rio de Janeiro, quer permitir que transexuais ampliem seu espaço com qualidade no mercado de trabalho
A transexual Penélope Gomes da Silva, 36 anos, conhece bem a dificuldade em conseguir um emprego formal e de, mesmo tendo a qualificação para a vaga, acabar preterida por causa do preconceito. Sem trabalho de carteira assinada há quase dois anos, ela vê com esperança o projeto “Fortalecendo o Corre”, da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda, cujo objetivo é ajudar pessoas trans a ter acesso ao mercado de trabalho por intermédio dos postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
'Para a gente conseguir um emprego é muito difícil. Quando não é por indicação fica quase impossível. Sinto na pele esse sofrimento. Eu tenho qualificação para a vaga, mas quando os empresários veem que é um transexual, eles disfarçam e nos dispensam. Esse projeto veio em boa hora. O nosso maior problema é que não podemos inserir no sistema o nosso nome social e isso dificulta muito quando chegamos até a entrevista', desabafou Penélope.
O projeto foi lançado no Dia Internacional Contra a Homofobia, 17 de Maio. Coordenador de Projetos Especiais da Setrab-RJ, Nélio Georgini da Silva, afirma que o objetivo é auxiliar as pessoas trans.
'O Estado vai proteger o público LGBT, desde a questão do nome social até a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Vimos que a principal questão, especialmente aos transexuais, é a distorção dos nomes do registro civil e do nome social. O sistema envia o currículo aos empregadores e estes não sabem quando se trata de uma pessoa trans. A norma é restrita ao sexo masculino e feminino. Queremos mudar essa realidade', destacou.
Representante das Casas de Acolhimento LGBT no Estado e ativista da causa, a transexual Indianarae Siqueira, 50 anos, ressalta a importância do respeito à identidade de gênero.
'Eu acho muito importante que se respeite a identidade de gênero das pessoas, a autodeclaração. O mundo é dividido em homem e mulher. Temos diversas dificuldades em várias áreas da nossa vida e o emprego é uma delas. Precisamos de um trabalho para termos dignidade. Precisamos ser valorizadas. Acredito que o projeto é o pontapé inicial para conseguirmos dar esse passo'.
Os interessados poderão procurar umas das 44 unidades do Sine distribuídas pelo estado. Todos os funcionários das agências estarão aptos e treinados para receber o público LGBT.
'Os postos do Sine vão receber um protocolo que prevê sensibilizar e promover treinamento para os funcionários lidarem melhor com o tema diversidade. Dessa forma, vamos receber e cadastrar os currículos de pessoas LGBT para encaminharmos para o mercado de trabalho', finalizou o subsecretário executivo da Setrab, Júlio Saraiva.
Comments