Novo comercial do Tylenol recebe aplausos de ativistas e influencers
Vídeo, que mostra casal de dois homens cuidando da filha, foi aplaudido pela comunidade LGBTQIA+ ao mostrar a nova realidade da sociedade mundial e que laços familiares são construídos pelo amor
Era para ser apenas mais um comercial sobre saúde e medicamentos, mas o novo comercial do Tylenol, marca da Johnson & Johnson, acendeu a discussão em todo o país. Ao reforçar que na nova realidade mundial os laços familiares são construídos pelo amor, não por questões de gênero, o vídeo mostra um casal de dois homens (Felipe dos Santos e Michel Siqueira) e sua filha (Malu) sendo bem cuidada pelos pais.
'Acreditamos que família não é sobre quem você ama, mas como você ama. Por mais de 60 anos, Tylenol já cuidou de todas as famílias', diz a marca em seu novo comercial produzido nos EUA. O filme publicitário exibe um casal lésbico, uma mãe solteira, um casal inter-racial e um com dois pais.
A iniciativa, segundo o fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB) e professor de Antropologia da Universidade Federal da Bahia, Luiz Mott, merece aplausos. Para ele, esse é um balde de água fria nesses fundamentalistas, que se dizem a favor da família, mas apenas de famílias heterossexuais. E, frisou, lamentavelmente é nessas famílias onde vemos a grande maioria de crimes como espancamento de mulheres, feminicídio e expulsão de jovens homossexuais.
'Lembro que a nossa primeira campanha, quando fundei o GGB, foi contra um comercial aqui na Bahia, onde um rapaz afeminado ia comprar um sapato e o vendedor dizia que lá não tinha sapato ele, apenas um 38, e sacava um revólver. Conseguimos que o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) tirasse a propaganda do ar. O anúncio do Tylenol, com um casal de homens gays cuidando de sua filhinha, é um alívio', frisou Mott.
O influencer digital Diego Mesquita, o Diego do Subúrbio, também comemora o novo comercial. Ele acredita que toda a representação de afeto, quando é retratada com seriedade, sempre vai ser importante. Por muito tempo, afirmou, não tivemos a chance de ver casais LGBTQIAP+ ocupando espaços de visibilidade no audiovisual. Ele espera, entretanto, que esses espaços sejam diversos, mostrando que a comunidade não se resume somente a homens Cis gays e Brancos.
Sobre os protestos em relação ao novo comercial, que reforçam um pensamento conservador, ele lamenta que ainda exista.
'O conservadorismo sempre existiu, sinceramente talvez nunca tenha fim. Quem sempre viveu as margens dessa sociedade, sempre teve que lidar com as violências geradas por essas pessoas. Eu aprendi o que era homofobia na escola, com apenas sete anos de idade. Nunca coube em um armário e sempre fui perseguido pelos meus colegas. Por isso é importante estarmos sempre atentos e firmes na luta para que os poucos direitos que conquistamos não sejam arrancados de nós. Temos a honrar aos que vieram antes de nós nessa luta e seguir conquistando novos direitos' disse Diego do Subúrbio.
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