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Foto do escritorPimenta Rosa

Operação da PF prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco

Depois de seis anos de 10 dias, a Polícia Federal prende Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa, suspeitos de serem os mandantes do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018, no Rio de Janeiro.



A Polícia Federal realizou neste domingo (24) uma operação que resultou na prisão de três suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018, no Rio de Janeiro. Os três detidos, Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa, serão transferidos para Brasília onde cumprirão prisão preventiva em uma penitenciária federal.


Os detalhes da operação, denominada 'Murder Inc.', foram conduzidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF), com base em mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).


Além dos três mandados de prisão, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, todos na cidade do Rio de Janeiro. A investigação incluiu buscas nas residências do ex-titular da Delegacia de Homicídios, Giniton Lages, assim como de Marcos Antônio de Barros Pinto e Erika de Andrade de Almeida Araújo.


A operação da PF também teve como alvos Alessandra da Silva Farizote e João Paulo Vianna dos Santos Soares, conhecidos como 'Gato do Mato', investigados por supostamente terem recebido e descartado as armas utilizadas no crime. Denis Lessa, irmão de Ronnie Lessa, foi acusado de ter recebido os materiais usados na execução - a arma do crime, touca, casaco e silenciador - no dia do assassinato.


Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como 'Orelha', é acusado de ter recebido o veículo usado no crime de Ronnie, Maxwell e Élcio após o assassinato. De acordo com a delação de Queiroz, ele teria sido responsável por levar o carro a um desmanche. Em agosto de 2023, ele foi denunciado pelo Ministério Público por obstrução das investigações do caso e acabou preso no final de fevereiro deste ano.


A PF também realizou buscas nas residências de dois suspeitos: Jomar Duarte Bittencourt Junior, conhecido como "Jomarzinho", e Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o "Mauricinho". Ambos são acusados de terem vazado informações e alertado os responsáveis pelas execuções através de mensagens eletrônicas.


Quem são os suspeitos:


  • Domingos Brazão: Atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).

  • Chiquinho Brazão: Deputado federal pelo União Brasil, e vereador à época do crime.

  • Rivaldo Barbosa: Ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que, curiosamente, assumiu o cargo apenas um dia antes do atentado contra a vereadora.

Os investigadores da PF, conforme informações divulgadas pela GloboNews, destacam que as prisões em um domingo foram motivadas pelos avanços recentes na investigação, bem como para evitar vazamentos que pudessem prejudicar o elemento surpresa das ações.


Contexto e histórico:

Chiquinho Brazão, político com reduto eleitoral em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, foi citado na delação de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco. Brazão foi vereador pelo MDB por 12 anos, incluindo os dois primeiros anos do mandato de Marielle, e posteriormente foi eleito deputado federal pelo Avante em 2018 e reeleito em 2022 pelo União Brasil. Seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, tem direito a foro especial. Ele foi citado desde o início das investigações em 2018 e negou qualquer envolvimento no caso Marielle em depoimento naquele ano.


Motivações e desdobramentos:

Investigadores da Polícia Federal continuam a trabalhar na busca pela motivação por trás do assassinato da vereadora Marielle Franco. Dentre as possíveis motivação, à expansão territorial da milícia no Rio de Janeiro. A família Brazão tem uma longa história política no estado, com seu reduto eleitoral situado na Zona Oeste do Rio, uma região dominada por milícias, grupos paramilitares. A PF não destaca uma possível vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual e atual presidente da Embratur, com quem Marielle trabalhou por cerca de 10 anos. A família Brazão também poderia ter se sentido atacada pessoalmente por Marielle. O caso envolve ainda o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, que teria prometido impunidade aos criminosos. Ele assumiu o cargo um dia antes do atentado contra a vereadora.


Repercussão:

A prisão dos suspeitos apontados como os mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) está gerando repercussões entre diversas autoridades neste domingo (24).


A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, expressou sua alegria com a notícia. 'Só Deus sabe o quanto sonhamos com este dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê? Agradeço o empenho da PF, do governo federal, do MP Federal e Estadual e do ministro Alexandre de Moraes. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!', disse em sua postagem no X (antigo Twitter).



Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, expressou sua espera de 2.202 dias, equivalentes a 6 anos e 10 dias desde o assassinato, por justiça e paz. Ela vê a prisão de três mandantes do crime como um momento de esperança. Os nomes dos irmãos Brazão e de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, não surpreendem, mas revelam a profundidade da corrupção no Estado do Rio de Janeiro. Monica denuncia a falha e cumplicidade da Polícia Civil nesse crime brutal, especialmente o cinismo de Rivaldo ao prometer prioridade na solução do caso.


Ela destaca que o passo dado hoje é decisivo, mas a luta por justiça continua. Não descansará até que haja uma sentença e até que todos os poderes corruptos no estado sejam derrotados. Monica agradece à Polícia Federal, Ministério da Justiça, Governo Federal, Ministério Público do Rio de Janeiro e Ministério Público Federal pelo compromisso. Conclui dizendo que a batalha continua e que estarão cada vez mais fortes para enfrentá-la.


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino também utilizou a mesma rede social para fazer uma publicação, citando uma passagem bíblica sobre fé e justiça. "Domingo de Ramos, domingo de celebração da fé e da justiça. Livro dos Salmos: 'Ainda que floresçam os ímpios como a relva, e floresçam os que praticam a maldade, eles estão à perda eterna destinados'. 'Como a palmeira, florescerão os justos, que se elevarão como o cedro do Líbano'", postou.


O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, destacou que, desde o início do mandato do presidente Lula em janeiro de 2023, medidas foram tomadas para esclarecer o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson. 'O governo federal seguirá cumprindo o seu papel para combater essas quadrilhas violentas que cometem graves crimes contra as famílias brasileiras. A continuidade das investigações vai com certeza esclarecer vários outros crimes. Parabéns ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao STF, decisivos para elucidar esse crime', afirmou.


O presidente da Embratur e amigo de Marielle, Marcelo Freixo, também se pronunciou nas redes sociais. 'Hoje a prisão dos irmãos Brazão e do Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, deixa claro quem matou, quem mandou matar e quem não deixou investigar. Esse é um ponto importante para explicar por que ficamos seis anos de angústia', disse em sua postagem no 'X'. Ele também destacou a conexão entre assassinatos e figuras de poder, mencionando a relação promíscua entre crime, polícia e política no Rio de Janeiro.


'Em 2008, quando fiz a CPI das Milícias, nós escrevemos no relatório que crime, polícia e política não se separam no Rio. Dezesseis anos depois, com o caso da Marielle resolvido, reafirmo a mesma frase. Um membro do Tribunal de Contas, um vereador (agora deputado) e um chefe da polícia presos, envolvidos no assassinato da Marielle'.

Freixo também expressou surpresa e indignação com o fato de Rivaldo ter se apresentado como um apoiador da família de Marielle após o crime. 'Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte, junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro', escreveu.


O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), juntou-se aos que comemoraram as prisões: 'Um grande alívio após uma espera angustiante de mais de seis anos. Que a justiça por Marielle e pelo motorista finalmente se faça. Que a verdade prevaleça e revele todos os fatos. Solidariedade aos familiares'.


Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra dos Direitos Humanos e atualmente na mesa diretora da Câmara dos Deputados, destacou que a prisão dos suspeitos é um marco na luta contra a violência política e o silenciamento das vozes corajosas. 'Se acharam que matando Marielle conseguiriam parar a luta, se enganaram. Ela está mais viva do que nunca. #MarielleVive', afirmou.


Já a deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) postou em seu Instagram que 'um chefe da Polícia Civil, um deputado federal e um deputado estadual. Crime e política se misturam no Rio de Janeiro. Que esse crime terrível possibilite que finalmente as milícias sejam contundentemente enfrentadas. Não descansaremos até que todos sejam responsabilizados e até que a milícia não governe mais o Rio'.



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