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Foto do escritorPimenta Rosa

Organizadores da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo reagem ao fechamento do MDS

Museu da Diversidade Sexual, que funciona na estação de Metrô República, foi fechado neste sábado (30/04), por determinação da Justiça



Um dos equipamentos mais festejados da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo, o Museu da Diversidade Sexual (MDS), criado em 2012 e o primeiro do gênero na América Latina, fechou as portas neste sábado (30/04). A Justiça acatou uma denúncia do deputado estadual Gil Diniz (PL), conhecido como 'Carteiro Reaça' e determinou a interdição do espaço por tempo indeterminado. A base da ação do deputado seriam irregularidades cometidas pelo Instituto Odeon, organização social que administra o espaço, quando ainda era responsável pelo Theatro Municipal.


Os organizadores da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o maior evento LGBT do mundo, reagiram ao fechamento e postaram um desabafo sobre a necessidade do Museu voltar às mãos da comunidade LGBT. Veja a íntegra da postagem.


'Estão usando da boa fé da população LGBT+ em interesses próprios. Não é de hoje que tentam desmontar o Museu da Diversidade Sexual.


Logo no início da atual gestão do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria Estadual da Cultura, foi tirado de nós o Casarão da Avenida Paulista, que seria a sede do museu, prometido pelo então governador Geraldo Alckmin e mantido pelo seu sucessor, Márcio França.


A APOLGBT-SP, juntamente com outras entidades, como a Aliança Nacional LGBTI, as Mães pela Diversidade e a Câmara de Comércio LGBT tentaram várias vezes uma interlocução com o governo estadual para a criação de um Conselho para o Museu, para aumentar recursos e infraestrutura, além de reverter a decisão do casarão. Infelizmente, não obtivemos sucesso.


Pouco tempo depois, houve a demissão de toda a equipe do Museu, bem no momento de transição de administração de uma OS por outra. Por este motivo, não sabemos até hoje o que foi feito com o acervo vital de 8 mil itens do Museu, sua memória institucional. Esse foi o começo do desmonte.


A escolha de uma Organização Social para gerir o Museu da Diversidade Sexual, que teve as contas rejeitadas pela Prefeitura, por causa de uma má gestão do Teatro Municipal, é um ato ilícito em si mesmo.


A decisão da juíza não é baseada num ato de LGBTfobia, mas sim em um ato administrativo ilícito.

E quem abriu as portas ao deputado de extrema direita, dando provas para a ação foi a própria Secretaria de Cultura do Estado.


Então, não se enganem. As verdadeiras culpadas por todo esse processo que culminou com o fechamento do Museu são a Secretaria de Cultura do Estado e a Odeon, organização que foi escolhida para administrar o Museu e que possui pendências com a justiça.


Não seremos massa de manobra. Seremos, sim, sempre, RESISTÊNCIA! PROTESTE PELA MANUTENÇÃO DO MDS, TRANSPARÊNCIA NO USO DE SEUS RECURSOS, TROCA DE GESTÃO E PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE, AFINAL O MUSEU É NOSSO! '


A decisão liminar suspendendo o contrato foi acatada pela juíza Carmen Cristina Teijeiro, que em sua justificativa reforçou o argumento de que o Odeon teve suas contas rejeitadas quando administrava o Theatro Municipal de São Paulo. A Secretaria entrou com um primeiro recurso, que foi negado. O Governo do Estado garantiu que irá recorrer da decisão, pois considera o espaço essencial para o desenvolvimento de políticas de visibilidade da cultura LGBTQIA+.


Exposição adiada


Por enquanto, afirmou, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa em nota, a exposição 'Duo Drag', do fotógrafo Paulo Vitale, que seria aberta neste sábado (30/04), fica suspensa. A mostra, que reúne retrato de 50 drag queens da noite paulistana, depoimento em vídeo e lançamento de livro. Vitale coloca lado a lado estrelas como Marcia Pantera e Silvetty Montilla e drags iniciantes para discutir a importância da cultura drag.


A drag queen 50+ Vera Ronzella, protagonizada pelo ator Alexandre Santucci, lamentou o fechamento do espaço e comentou a importância do trabalho de Paulo Vitale.


'Foi uma honra ser convidada pelo Paulo para fazer parte desta importante exposição que retrata a arte e os grandes nomes da cena drag no Brasil. Paulo tem uma sensibilidade ímpar, fiquei muito feliz por receber tanto carinho e atenção com meu trabalho! Ainda mais de um profissional que já trabalhou com meu maior ícone, a apresentadora Hebe Camargo', concluiu Vera Ronzella.

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