Prefeito reeleito de Alpinópolis (MG) quer que sua voz ultrapasse fronteiras
Um dos três candidatos declaradamente gays eleitos, Rafael Freire quer mostrar que governar é para todos e que é preciso construir uma política cidadã, focado na melhoria da vida da população
O fato de ser reeleito com o maior índice de votos na história de Alpinópolis, em Minas Gerais, e ter conseguido eleger todos os nove vereadores da Câmara Municipal, deixa o prefeito Rafael Freire com a certeza de que está no caminho certo. Advogado, especializado em Direito Constitucional e Eleitoral, espera que a pequena cidade,de 18 mil habitantes, sucesso turístico e econômico, possa tornar-se referência nacional. Com apenas 30 anos e uma carreira política sólida, ele espera sua voz ultrapasse as fronteiras da cidade e inspire novos políticos.
Não basta ser jovem ou novo na política, frisa Freire. Tem que ter novas ideias, novos ideais, novas propostas, uma nova forma de praticar a política. Olho no olho, cara a cara, trazendo o povo para dentro da política e a política para dentro da vida do povo.
'Sei que não sou a regra. Sou a exceção à regra. Um prefeito gay, branco, de uma família média, que se graduou em Direito e se especializou em Direito Constitucional e Eleitoral. Digo isso pois compreendo que estou numa condição privilegiada, e, com o coração partido, sei que não é essa mesma realidade de muitos outros gays país a fora. E é por ter essa consciência que estou na política. Para levar igualdade de oportunidades a mais pessoas, sejam elas da comunidade LGBTQIA+ ou não.'.
Para o prefeito, é preciso cuidar das pessoas. E foi isso que ele disse quando tomou posse. Mais que ser lembrado pelas grandes obras, Rafael Freire quer ser lembrado como aquele que cuidou das pessoas. E é esse cuidado que vai criar nas pessoas o sentimento de pertencimento. De alguém que olha por elas. E daí, começa a estabelecer o vínculo da representatividade.
'Sinto que a minha voz ainda não alcança outros espaços e cantos no país. Isso porque a política ainda é enxergada apenas nos grandes centros. Para nós do interior, uma cidade de pouco mais de 18 mil habitantes, os espaços de fala ainda são muito distantes. A mídia não nos dá o espaço devido. Os partidos políticos não nos olham como merecemos. As lideranças lá fora não endossam nossos projetos. Por quê? Porque é mais fácil para eles focar em grandes cidades, em grandes redutos eleitorais, porque a preocupação não é com as pessoas, e sim, com o voto dessas pessoas'.
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