Prisão de Miliciano 'Zinho' agita caso Marielle e desafia Governador do Rio
A detenção de Luís Antônio da Silva Braga tem potencial para influenciar investigações e dinâmicas políticas no Rio de Janeiro
A prisão de Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, durante a noite de Natal, vai além da disputa pelo controle das milícias no Rio de Janeiro. Seus desdobramentos têm o potencial de impactar significativamente as investigações sobre os possíveis mandantes por trás do trágico assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.
Além disso, o acontecimento pode desencadear mudanças substanciais na dinâmica entre o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o movimento bolsonarista, bem como no processo de sucessão do Ministério da Justiça.
Ao revisar sua gestão no Ministério da Justiça em 21 de dezembro, o ministro Flávio Dino afirmou que o país estava mais próximo de identificar os mandantes:
Afirmo, com a autoridade de quem acompanha a evolução neste ano pretérito, que haverá solução do caso Marielle e Anderson. Demos a diretriz e ela será cumprida. A Polícia Federal tem uma equipe dedicada a isso'.
Na época, o Ministério da Justiça já tinha conhecimento de que as negociações entre a Polícia Federal (PF) e o miliciano para sua entrega estavam em andamento. Essas informações, entre outros indícios, reforçaram a perspectiva na cúpula do MJ de que o esclarecimento do caso Marielle esteja mais próximo.
Portanto, a segurança de Zinho, atualmente detido na penitenciária de Bangu I junto a outros milicianos, é a maior preocupação do governo. Embora a transferência para um presídio federal seja uma possibilidade, a decisão depende dos interrogatórios em andamento.
Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, destaca que o fato de o miliciano ter permanecido no Rio durante os cinco anos em que esteve foragido demonstra o quanto ele pode revelar: 'Ele não estava em locais distantes. Grande parte desse tempo foi passado em sua residência. A extensa rede de proteção que usufruiu ao longo desse período revela muito sobre o que ele sabe.'
A morte de seu irmão, Wellington da Silva, conhecido como 'Ecko', e de seu sobrinho, Matheus Rezende, o 'Faustão', ambos líderes da milícia e mortos por policiais do Rio, foi crucial para as negociações que levaram à rendição do miliciano à PF. Capelli destaca ainda que a prisão da deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros (PSD) por policiais federais também influenciou essa decisão, avançando nas investigações sobre o braço político das milícias.
Entre os milicianos associados a Zinho presos recentemente, destaca-se um policial militar reformado, Antônio Lázaro, anteriormente investigado pela participação em reuniões do 'Escritório do Crime', a milícia do Rio à qual Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, presos pela execução dos assassinatos de Marielle e Anderson, pertenciam. Esse ex-policial do grupo de Zinho também foi preso, pela PF, durante a operação do dia 19, que investigou a cobrança de 'taxas de segurança' por construtoras na zona Oeste do Rio realizada pela milícia.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, reiterou sua confiança na resolução do caso Marielle em breve, durante um evento no Ministério da Justiça. Ele destacou a importância do caso pelo simbolismo de defesa da participação de mulheres na política.
Dino confirmou que permanece no ministério até o próximo mês, participando de um ato em memória aos atos golpistas de 8 de janeiro no plenário do Senado. O ministro afirmou que o caso Marielle será integralmente elucidado em breve, apesar de não poder precisar a data e a hora da resolução do assassinato.
A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em março de 2018, e as investigações sobre o mandante e as motivações do crime continuam em curso. O ministro Flávio Dino determinou à PF a abertura de um inquérito em fevereiro deste ano para ampliar a colaboração federal nas investigações.
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