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Foto do escritorPimenta Rosa

Rustin, o ativista negro e homossexual que Liderou a Marcha em Washington

Bayard Rustin desafiou as críticas e ofensas, sendo um líder da resistência contra discriminação racial e homofobia. Três décadas após sua morte, sua história está sendo contada de maneira mais completa e justa.


Eu penso que a comunidade gay tem a obrigação moral de fazer o que for possível para encorajar mais e mais gays a saírem do armário’, afirmou Bayard Rustin, interpretado por Colman Domingo



Uma sugestão para celebrar o Dia da Consciência Negra é assistir ao filme 'Rustin'. na Netflix. O lançamento do longa-metragem, dirigido por George C. Wolfe, com Colman Domingo, coincidiu com o 60º aniversário da icônica Marcha em Washington. O filme oferece uma visão aprofundada da vida de Bayard Rustin, que desafiando estereótipos e celebrando, dedicou a vida à construção de pontes para a igualdade e justiça, independentemente de raça, orientação sexual ou identidade de gênero.


Bayard Rustin, ativista negro e homossexual, foi o maestro por trás da histórica Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade que reuniu mais de 250 mil pessoas em uma manifestação popular pacífica. De gigantescas proporções, o evento ficou famoso por ter sido palco do discurso histórico de Martin Luther King Jr., o 'Eu tenho um sonho'.


Contudo, sua contribuição muitas vezes foi obscurecida devido à homofobia e preconceitos da época. Enfrentando restrições, espancamentos e prisões por sua identidade gay, Rustin teve seu papel minimizado no movimento. O reconhecimento só veio postumamente em 2013, quando recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade do presidente Barack Obama.


Rustin, o homem por trás da organização da marcha em tempo recorde de dois meses, viu seu legado quase apagado devido ao preconceito não apenas racial, mas também homofóbico dentro do próprio movimento. No entanto, sua dedicação persistiu até o fim de sua vida, lutando pelos direitos dos negros e da comunidade LGBTQIA+.


Desafios Iniciais

Nascido em 1912 de uma mãe de 16 anos, Rustin foi criado pelos avós, membros da Sociedade dos Amigos, que influenciou profundamente seu ativismo. Seu potencial se manifestou cedo, mas sua rebeldia o levou a ser expulso da Universidade Wilberforce, em Ohio, por organizar uma greve estudantil.


Transferindo-se para a Universidade Cheyney State Teachers, Rustin iniciou sua trajetória como ativista, participando de organizações anti-guerra antes da Segunda Guerra Mundial. Influenciado por Leslie Pinckney Hill, líder comunitário negro, se envolveu nas ações pelos direitos civis negros, proporcionando apoio e discursos.



Desafios e Legado

Bayard Rustin enfrentou inúmeros desafios em sua jornada como ativista durante o Movimento Pelos Direitos Civis nos Estados Unidos. Em 1957, ele estabeleceu conexões com líderes proeminentes, incluindo Martin Luther King Jr., e desempenhou um papel vital na formação da Conferência da Liderança Cristã Sulista. No entanto, sua identidade o colocou em apuros, especialmente quando ameaças de exposição de seu passado, pressionam King a pedir que Rustin se afastasse do movimento, no qual retrucou:

‘No dia em que eu nasci preto, eu nasci homossexual. Ou eles acreditam em liberdade pra todos ou não acreditam’.

Mesmo rebaixado a trabalhar nos bastidores, Rustin continuou a desempenhar funções cruciais, como organizar a Marcha de Washington em 1963. Ele enfrentou desafios constantes devido à sua sexualidade, mas, eventualmente, foi reconhecido como líder na capa da revista LIFE. Após a marcha, Rustin persistiu em seu ativismo, liderando greves, publicando trabalhos influentes e envolvendo-se em diversas causas.


Seu compromisso com os direitos civis estendeu-se aos anos 1970, quando Rustin começou a advogar ativamente pelos direitos LGBTs. Seu relacionamento com Walter Neagle o encorajou a ser mais aberto sobre sua sexualidade. Rustin destacou a importância de sair do armário em uma entrevista, ressaltando a obrigação moral da comunidade gay.


Rustin enfrentou intensas consequências por sua sexualidade, incluindo ameaças, prisões e descrédito, mas permaneceu aberto e destemido. Apesar de décadas para o reconhecimento total, o legado de Rustin é agora lembrado em documentários, edifícios, e considerado uma parte integral da história LGBTQIA+.


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